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28 de dezembro de 2016 às 08:00.

Igreja de São Sebastião fecha suas portas em sinal de repúdio

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O desrespeito das forças policiais a um local considerado sagrado provoca nota de repúdio do Conselho Presbiteral da Arquidiocese de Manaus – falou-se em “sacrilégio” – em um duro editorial de A Crítica, intitulado “Brutalidade“.  O texto dizia que “senhoras idosas que se encontravam rezando o terço foram brutalizadas na invasão inexplicável” (A Crítica de 30 de agosto de 1981, p.04). O texto classifica o episódio como “chocante” e afirma que “assistir ao espancamento de crianças de treze a quinze anos, enquanto marginais agem impunemente na cidade, foi espetáculo patético“. Em sinal de protesto, a Igreja de São Sebastião permaneceu fechada durante o dia de 29 de agosto.

A péssima repercussão da repressão violenta e destemperada promovida por sua polícia força o governador José Lindoso a endereçar carta ao arcebispo Dom Milton Correa Pereira pedindo desculpas. O texto, no entanto, é recheado de esquivas a respeito das responsabilidades do governo: “infelizmente, o episódio doloroso está servindo para torpes explorações por parte dos partidos de oposição com o objetivo puramente eleitoreiro e sei que V. Ex.ª, embora amargurado pela ocorrência, saberá distinguir devidamente as coisas, pondo-as nas suas verdadeiras dimensões” (A Crítica de 1º de setembro de 1981, p.05).

Em contrapartida, diversas entidades católicas do Amazonas lançam notas de repúdio aos acontecimentos. “É bastante deplorável a invasão de uma igreja, mais deplorável é a agressão contra pessoas feitas à imagem e semelhança de Deus. Repudio esta violência e a falta de respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana“, redigiu o bispo de Itacoatiara, Jorge Marskell. A nota da Pastoral Universitária de Manaus refere-se aos estudantes como “vítimas do arbítrio e da violência, foram atingidos pelo cajado da opressão militar“.

Mesmo assim, em A Notícia de 2 de setembro, o coronel Guilherme Vieira dos Santos, comandante geral da Polícia Militar do Amazonas, negou a ação truculenta da PM: “O que houve foi apenas a entrada de vários policiais nossos àquele templo, para garantirem a integridade física dos estudantes que se encontravam lá”.

No dia 3, os secundaristas promovem nova passeata, desta vez em protesto contra a violência policial. Participaram mais de duas mil pessoas, “entre políticos, advogados, médicos, estudantes, donas de casa, policiais civis e militares, trabalhadores e membros de inúmeras entidades democráticas” (A Notícia de 4 de setembro de 1981, p.07). Desta feita, os cerca de setecentos policiais enviados para o local do movimento se mantiveram à distância, e a manifestação transcorreu sem incidentes. Os estudantes se concentraram novamente na Praça São Sebastião, de onde seguiram para a Praça da Matriz.

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