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5 de janeiro de 2017 às 08:00.

A luta de 20 de setembro sob a ótica da imprensa local

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Sob o cerco do poder da elite econômica e do poder político do regime militar – que mesmo após o final da ditadura ainda mantinha instrumentos institucionais de pressão – a imprensa amazonense se mostrava desfavorável, e em alguns casos até hostil, aos movimentos populares surgidos em Manaus nos primeiros anos da década de 1980. O tratamento prestado ao movimento estudantil não foi diferente. Baderneiros, vândalos, agitadores, comunistas foram alguns dos termos associados aos estudantes que foram às ruas para protestar veementemente contra o aumento do valor das tarifas de ônibus e em defesa da manutenção do direito à meia-passagem.

Em 1983, a tarifa do transporte coletivo subiu três vezes somente no primeiro semestre: de Cr$ 45,00 para Cr$ 60,00 em janeiro, depois foi a Cr$ 70,00 em maio e a Cr$ 75,00 em junho. E no dia 20 de agosto, o valor já estava em Cr$ 80,00. As justificativas para esses reajustes eram a elevação do preço do combustível, das peças de reposição, dos pneus, acessórios, além do aumento nos salários dos trabalhadores do transporte e da ampliação e renovação dos veículos do sistema, comprados com recursos próprios das empresas.

Nos últimos dias de agosto daquele ano, Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Manaus e empresas de transporte coletivo divulgaram notícias dando conta da ampliação da frota da cidade. No melhor estilo press-release, matérias publicadas nos jornais falavam sobre “melhor performance“, “tecnologia mais avançada” e “mais conforto aos passageiros“. Na página 7 da edição de A Notícia de 1º de setembro está estampada a manchete: “Mais transporte para o povo de Gilberto“.

Preparava-se, assim, o clima para o que viria a seguir. Dois dias mais tarde, na coluna “Informes“, A Notícia dá uma pequena nota com especulações a respeito da questão tarifária: “População manauense apreensiva com as possibilidades, admitidas pelo prefeito Amazonino Mendes, de nova majoração no preço das passagens de ônibus. Só falta definir o índice de aumento (…). É possível que a passagem, antes do final do ano, chegue a 100 cruzeiros” (A Notícia de 3 de setembro de 1983, p.04).

A nota do “Informes” revelou-se pouco precisa. O ano ainda estava longe de terminar. No dia 14 de setembro, Amazonino convocou uma reunião na prefeitura com deputados, vereadores, sindicalistas e representantes estudantis. Do encontro com o prefeito, participaram Euclides Rovani, diretor-presidente da Empresa Municipal de Transportes Urbanos (EMTU), o deputado estadual João Thomé, os vereadores Francisco Marques (presidente da Câmara Municipal de Manaus), os vereadores Ademir Carioca e Celso Seixas, o presidente do Sindicato dos Motoristas de Transportes Rodoviários, Antônio Oliveira, o presidente da União dos Estudantes secundaristas (UESA), Francisco Sávio, e a diretora de Assuntos Estudantis do Diretório Universitário, Gina Gama.

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